Como explicar 40 milhões de votos para o PT
Qualquer pessoa inteligente e de boa índole tem dificuldades em entender como o PT, depois de ter a sua cúpula presa pelo maior escândalo da história e apresentando escândalos semanais de corrupção e desvios éticos possa ainda apresentar uma votação tão significativa.
Esse fato pode gerar uma série de conclusões.
Em primeiro lugar, a cultura brasileira é tolerante com desvios. Furar a fila, dar propina a um guarda de trânsito, não cumprir regras, isso está enraizado no comportamento do brasileiro, por uma série de motivos que não abordaremos aqui.
Em segundo lugar temos uma educação de péssima qualidade e ainda por cima esquerdista. As crianças e adolescentes são ensinados a depender do estado e a satanizar os empreendedores e os ricos de uma forma geral.
Além disso, há um contexto histórico definidor. O PT assumiu a presidência depois de uma fase de “arrumação da casa”, onde o PSDB conseguiu resolver um problema de décadas: a hiperinflação. Para conseguir fazer tal movimento foi preciso produzir ajustes dolorosos, como a responsabilidade fiscal. Os juros permaneceram altos por um bom tempo. E para completar, especialmente no segundo mandado de FHC houve uma gigantesca crise internacional e o estouro de uma das maiores bolhas especulativas da história nos EUA.
Lembremos que o PT lutou ferozmente contra todas as reformas civilizatórias que o PSDB produziu, desde o Plano Real até as privatizações. Mas depois de dois mandatos de reformas e especialmente pela crise internacional no final do segundo mandato do FHC, havia impopularidade, pois parte dos ganhos de qualidade de vida alcançados nos primeiros anos de Plano Real foram devolvidos pelas mais diferentes condições adversas.
O PT aproveitou a oportunidade e deu um banho de loja ao Lula. Ele passou a fazer a barba, andar de terno e assinou a carta ao povo brasileiro, se comprometendo com os pilares da responsabilidade fiscal. Enfim, o PT havia abandonado o antigo projeto de instalar o comunismo no Brasil, acabando com a propriedade privada e deixando de pagar a dívida pública.
Num primeiro momento Lula honrou a palavra e deu seguimento a política econômica de FHC. Esse foi o seu maior mérito. Mesmo assim, o PT nunca abandonou de fato o projeto comunista, o que pode ser visto pelo apoio ao projeto continental de implementação do sistema em Cuba, Venezuela, Bolívia, Argentina e Equador, através da organização esquerdista Foro de São Paulo, o que por si só é um crime, pois o partido que comanda o país responde a uma entidade estrangeira.
Além de Lula ter seguido no seu mandato a receita da estabilidade fiscal, teve a maior sorte em contar com um mundo em franco crescimento e com uma China gulosa em matérias primas produzidas pelo Brasil, especialmente soja e minério de ferro, que teve os seus preços multiplicados. Com a casa arrumado, todo mundo queria investir no país, gerando uma avalanche de investimentos vindos de todo o planeta.
Tudo isso permitiu um crescimento espetacular do PIB e a implementação da política social, com a unificação e expansão de programas criados ainda na época do FHC. Existia dinheiro para uma política distributiva. Claro que nesse caso o PT sabia que estava comprando um trunfo eleitoral praticamente imbatível. E mesmo com grande apoio político, não fez grandes reformas para que o país pudesse continuar crescendo de maneira sustentável e os dependentes de auxílio saíssem dessa situação. Com a política de aumento indiscriminado dos gastos públicos, a arapuca estava armada.
Como Lula não queria perder poder político, escolheu uma figura política frágil, a Dilma, que sempre dependeria do amém dele para poder governar. Além disso, Dilma representou um grande retrocesso econômico, pois gerou a maior intervenção estatal da história recente do país, isso num Brasil que já era marcado pela presença forte do estado na economia. Também deu espaço para alas mais radicais do partido, criando ameaças institucionais graves, como o decreto bolivariano e a Comissão da inVerdade.
Ao mesmo tempo, a gordura acumulada na época da bonança foi sendo queimada, com os gastos públicos fora de controle. O governo petista acreditava que poderia enganar o mercado, utilizando práticas contábeis duvidosas, o que apenas piorou a situação e elevou o pessimismo. Em paralelo o mundo passa por uma recuperação lenta e a China não tem mais o mesmo apetite pelas commodities brasileiras.
Temos agora uma bomba relógio nas mãos, pois com os gastos públicos subindo o dobro do PIB a cada ano, termos problemas sérios, como a inflação e a nossa falta de capacidade de concorrer com o resto do mundo. Mas a Dilma realmente acredita que pode baixar os juros dando uma ligação para o BC ou baixar a conta de luz mudando algumas regras.
O fato é que pelo andar da carruagem não teremos condições de expandir ou mesmo manter as políticas de gastos sociais, a não ser com uma inflação alta, o que acaba prejudicando especialmente as pessoas que dependem dessas bolsas. Ou seja, não adianta dar bolsas por um lado e pelo outro tirar o valor da moeda. Quer dizer, adianta apenas para comprar os votos, não para favorecer essa parcela dependente da população.
Mas como explicar isso para o sujeito que não tem capacidade de fazer uma conta de somar? A própria presidente já demonstrou que não tem.
O fato é que tivemos uma geração de jovens que nunca viveu a hiperinflação na pele e acha que não foi grande coisa ter acabado com ela. Já consideram uma conquista garantida. E ao mesmo tempo consideram que a sua vida melhorou muito desde 2002, atribuindo essa melhora aos governos petistas. Como são tolerantes com corrupções e outras sacanagens, até porque tivessem uma chance fariam a mesma coisa, acabam votando no PT.
Podemos fazer a analogia com o um time de futebol. Imaginem que um determinado novo técnico de um time faça um excelente trabalho. Remodele o departamento de futebol, contrate bons jogadores, faça treinos pesados e tenha uma boa estratégia desenvolvida. Depois de montar o time e fazer ele ganhar várias partidas seguidas, conquista o apoio da torcida. Ganha um, dos, três campeonatos. Depois de um tempo, alguns jogadores saem, de repente surge um ou outro time forte e ele entra numa fase ruim. A torcida pede a sua cabeça depois de algumas derrotas e o bom treinador sai.
Entra um treinador malandro, que não gosta muito de trabalhar mas que é boa praça, desperta a simpatia de todos. Ele consegue mobilizar os jogadores e a torcida. A base do time ainda é muito boa e as coisas melhoram. Ao mesmo tempo, o presidente do seu time consegue um patrocínio multimilionário e ele então tem grana para contratar jogadores melhores ainda. E ainda cria um programa de torcedor incentivado, ou seja, quem for no estádio ganha R$ 200,00 por mês!
Temos uma nova fase excepcional, com o time ficando invicto por vários campeonatos. Mas a verdade é que o treinador não é tão bom, ele deu uma puta sorte. Como não trabalha muito nos treinos e está mais preocupado em apenas manter o cargo, as coisas desandam. O time começa a perder uma atrás da outra e está se dirigindo a zona do rebaixamento. Chegou a hora de pedir a saída do sujeito, mas uma boa parte fica com medo de perder os R$ 200,00 por mês. A maioria não se dá conta que se o time for rebaixado, a grana vai acabar para todos de qualquer forma.
Esse é o Brasil de hoje. O exemplo é tosco, mas como a maioria do público também é tosco, temos que usar esse tipo de exemplo!
Finalizando, meu maior medo é o risco do totalitarismo. Acredito que apesar de ter sido por muito tempo uma esquerda mais light, o PT carrega no seu DNA todo o lixo esquerdista, algo no estilo chavista. Ainda mais se tivermos contato com as diretrizes da filosofia de Gramsci, o “intelectual” mais respeitado pelos petistas de alta patente. Tal filosofia defende uma revolução comunista “silenciosa”, sem pressa, com destruição dos valores conservadores aos poucos. Podemos ver na própria forma da Dilma se expressar o seu cacoete de ditadora. Alguém que afirma que um ladrão foi preso porque ela quis não entende nada sobre um regime democrático de direito. Sem contar todo o ódio do PT pela imprensa livre ou por qualquer outro agente público que se atreve a cruzar o seu caminho, mesmo que seja para defender a lei e a justiça, como aconteceu com o Joaquim Barbosa.
Mas a prova definitiva do projeto totalitário e a falta de escrúpulos é o caso do mensalão. Não tanto pela condenação dos bandidos, mas pela transformação dos mesmos em mártires. Se eles são mártires existe uma causa. E a causa é a revolução.
Novamente, esse tipo de análise só pode ser feita por quem conhece um pouco de história e filosofia, o que não é o caso do brasileiro médio. Esse está mais preocupado em conseguir comprar um carrinho, uma casinha e tomar uma cerveja melhor no final de semana. Se o governo “ajudar”, já ganhou o voto. Para esses eu digo: se você quiser continuar com a sua renda ou com a sua bolsa, melhor votar no Aécio, por que com a Dilma na melhor das hipóteses a inflação comerá ainda mais aquilo que você ganha. E se não tirá-los do poder agora, talvez não consiga mais, porque todo partido totalitário apela para a violência para não perder a teta quando tem poder suficiente. Olhe para a Cuba e Venezuela e perceba um bom aviso para os brasileiros. Lá também os primeiros anos dos respectivos governos foram saudados como vitórias dos pobres. Depois a cada dia mais viraram a vitória da inépcia e da crise econômica, em conjunto com o fim das liberdades individuais. Vida boa mesmo só para os membros do partido, assim como ocorre em toda ditadura.