O Instituto dos Arquitetos do Brasil mandou nota ao editor, insurgindo-se contra críticas feitas aqui sobre uma nota da entidade. O texto da resposta abre com considerações irrelevantes sobre a ideologia do editor e do IAB, coisa que todos os leitores já sabem.  

 

Com relação especificamente à nota que publicamos, gostaríamos de esclarecer o seguinte:

 

1. Nos pareceu fundamental salientar, neste momento, o papel histórico desempenhado pelo IAB e pelos arquitetos na defesa e promoção do patrimônio cultural e ambiental em nossa capital. Foram os arquitetos os líderes ou co-responsáveis, em seu tempo, pela preservação do Hotel Majestic e transformação na Casa de Cultura Mario Quintana; pela não demolição e preservação do Gasômetro; pela criação do parque do Delta do Jacuí, entre tantos outros exemplos, inclusive por haver evitado a demolição do próprio Mercado Público, quando ideais e projetos pseudo desenvolvimentistas o ameaçaram de substituição por um edifício de estacionamentos;

 

2. Referimos que não cabe ao IAB RS apontar responsáveis sobre o que ocorreu no Mercado Público e reafirmamos esta questão. Cabe à polícia investigar e identificar estes responsáveis e à justiça determinar eventuais punições. Ao IAB RS cabe salientar a importância da atuação do profissional do arquiteto e da sua responsabilidade técnica como autor de projetos e obras que previnem e podem evitar situações como esta.

 

3. Em nosso entendimento, não procede a sua afirmação que as grandes obras em andamento na cidade foram discutidas “ad nauseum” com a sociedade, tendo em vista as grandes surpresas e reações que tem causado quando da sua implantação, como no caso da “triplicação” da avenida Edvaldo Pereira Paiva, ou da sua não-implantação, como no caso do equivocado formato de concessão/licitação do metro, conforme já alertávamos há mais de um ano;

 

4. Com relação à “execução orçamentária” o que percebemos é uma distorção entre o que a cidade necessita e o que está sendo realizado, por exemplo:

obras estão sendo licitadas sem que a população tenha acesso prévio aos projetos; a Prefeitura tem aceito doações de projetos de empreiteiras e associações empresariais interessadas nestas obras; várias obras ditas de mobilidade não se sustentam tecnicamente; o metro já foi referido; espaços públicos importantes da cidade estão sendo privatizados; desmonte da estrutura técnica municipal nas áreas do desenho urbano e do planejamento – o planejamento municipal simplesmente não existe mais; o conselho do Plano Diretor – CMDUA – não consegue ser um fórum qualificado de discussão sobre os projetos para a cidade; a Prefeitura prioriza obras viárias para os automóveis privados, asfalta e triplica avenidas, constrói viadutos (de dois andares?!), etc. tudo isto na contramão da urbanística contemporânea em todo o mundo...

 

5. O IAB RS é favorável às obras e investimentos na cidade, mas estas devem responder a um projeto de cidade que seja compartilhado entre todos e que beneficie ao conjunto da população e não apenas à interesses específicos de especuladores imobiliários e comerciais, empresas de transporte e grandes empreiteiras.

 

Finalmente, tendo em vista o seu interesse pelos documentos recentes publicados pelo IAB, encaminhamos mais alguns, na expectativa que os mesmos também mereçam a divulgação no seu blog, assim como agradeceremos seu respeitoso comentário, mesmo que discordante:

 

- “10 pontos por um PROJETO DE CIDADE” que defende a necessidade urgente de elaboração de um verdadeiro projeto de cidade para todos os cidadãos e apresenta uma síntese do pensamento dos arquitetos:

http://www.iabrs.org.br/web/Editoriais/Editorial.aspx?id=4148

 

- “O Direito à Cidade” que reafirma, no contexto dos movimentos que tomaram as ruas do país, o compromisso histórico do IAB com a democracia, o desenvolvimento, a cultura e o bem estar do povo brasileiro:

http://www.iabrs.org.br/web/Editoriais/Editorial.aspx?id=4258

 

Agradecemos a atenção e estamos à disposição para debater abertamente estas questões, sempre mantendo um elevado nível de diálogo e respeito.

 

Atenciosamente,

 

Arq. Tiago Holzmann da Silva – Presidente IAB RS