DATAFOLHA TAMBÉM
MOSTRA EMPATE ENTRE SERRA E DILMA! E DAQUI PARA FRENTE?
1. Usando a lista completa de candidatos, Serra e Dilma empatam em 36% e Marina
fica em 10%. Em parte se explica pela maior exposição de Dilma/Lula/PT na TV,
nos programas e comerciais partidários. Mas há que se ir além disso. O fato de
Dilma ser governo e isso implicar riscos para aqueles que ocupam cargos ou
contam com recursos do governo em suas OraNGes, a mobilização desses, pedindo
apoio a sua candidata, é muito mais intenso na fase inicial que a mobilização
dos que apóiam Serra.
2. Este Ex-Blog já explicou o processo que transforma intenção de voto em
decisão de voto, através do 'jogo de coordenação', ou conversa entre conhecidos
sobre eleição até amadurecerem seu voto. Lula antecipou esse processo entre os
seus, com a campanha que fez apresentando a sua candidata pelo Brasil afora e
pela cobertura natural da imprensa.
3. Serra optou por deixar seu lançamento para o momento da
desincompatibilização. Com isso, eliminou riscos de desgaste. Com as patinadas
iniciais de Dilma, reforçou-se a ideia de seu acerto. Mas, com isso, também
atrasou o 'jogo de coordenação'. Para compensar, ao se apresentar como
candidato, priorizou a presença nos meios de comunicação. Por essa razão, deixou
para um segundo momento a impulsão dos multiplicadores de opinião, ou militância
com capacidade de liderança e mobilização.
4. Dilma chegou num ponto previsível de 1/3 do eleitorado ou pouco mais. A curva
de seu crescimento tem taxa decrescente, mas essas pesquisas mostram que ainda
não se anulou, tornando-se uma reta. Ou seja, pode crescer mais alguma coisa na
margem. A Copa do Mundo é uma grande oportunidade para Serra. Os fluxos
tardianos de opinamento (Gabriel Tarde, comentado aqui semana passada) tendem a
sofrer um desvio em sua atenção. O mais provável é que a pesquisa do final da
primeira semana de junho seja semelhante à pesquisa da segunda semana de julho.
5. Os candidatos se inibem durante a Copa para não serem considerados
oportunistas pelos eleitores. Assim é um bom momento para as reuniões internas
com militância, estimulando o 'jogo de coordenação', que foi retardado pela
tática de não pré-lançamento. Para tanto, há necessidade de programação pelo
tamanho do país. Claro, exclua-se SP, onde, pelas mesmas razões de Dilma no
nível do governo federal, o 'jogo de coordenação' já começou.
6. É tempo, e vale para os dois, de se mergulhar em pesquisas e reflexões, de
forma a se testar a Agenda que tem potencial de vitória para um e para outro.
Agenda no sentido de tema-ambiente que chega ao imaginário do eleitor. Se a
oposição não acertar na Agenda, prevalecerá a Agenda residual da continuidade.
7. Registre-se que, em 2006, o atual patamar em que se encontra Serra foi a
votação de Alckmin no primeiro turno (incluindo brancos e nulos), ou 37%. Os
carros ainda estão dando as voltas no circuito em busca do melhor posicionamento
no grid de largada. Mas lembre-se que, na F1, definido o grid de largada, tudo
para e se recomeça com os carros parados no dia seguinte. Nas eleições, os
carros nunca param de correr, para frente ou para trás ou no mesmo lugar ou em
diagonal.
8. Propaganda é irrigação. Sem sementes fortes e adubo, nunca será suficiente.