1. A dinâmica das campanhas
eleitorais dificulta a análise correta dos especialistas. Avaliam e julgam as
campanhas pelos resultados, como se as campanhas se confundissem com os
resultados. Não é assim.
2. É básico analisar o resultado de
26 de outubro tendo como referência a expectativa que se tinha antes do início
da campanha. Olhar de lá para cá, passando por um quadro cômodo de três
candidatos com Eduardo Campos, que levaria Aécio ao segundo turno, depois pela
entrada de Marina, que se transforma em favorita, até o dia de hoje, com os
resultados pelo Brasil todo, há de se convir que Aécio fez uma extraordinária
campanha e obteve um resultado brilhante.
3. Venceu no Sul, venceu no Sudeste,
venceu no Centro-Oeste, reduziu muito a vantagem que Dilma havia obtido no Norte
em 2010, e repetiu a mesma performance de Serra no Nordeste, região onde todo o
esforço administrativo, político, econômico, social e eleitoral de Dilma estava
concentrado.
4. Os 40 pontos de vantagem de Dilma
no Nordeste -que representavam 10 pontos de vantagem nacionalmente- seriam
superados com as vitórias no Sudeste e no Sul, e com um empate na soma das
regiões Centro-Oeste e Norte. E assim foi, rigorosamente.
5. Sobre os votos totais, Aécio
obteve 45%, crescendo uns 5 pontos além dos 40% que, no calor do final da
campanha, diziam que não votariam nele de jeito nenhum. Dilma obteve 48%,
crescendo 8 pontos sobre os que diziam não votar nela de jeito nenhum.
6. A diferença de 3 pontos é, na
verdade, a metade, ou 1,5, numa eleição de 2 candidatos. Minas Gerais representa
quase 10% do eleitorado nacional. Dilma venceu em Minas por 5 pontos. Portanto,
se Aécio tivesse vencido em Minas por 10 pontos apenas, teria empatado a
eleição.
7. Os mais pessimistas projetavam
uma vitória em Minas por 20 pontos, o que daria uma vitória nacional clara. Mas
o que ocorreu em Minas? Depois dos resultados, qualquer análise é de engenheiro
de obra feita. Mas vamos lá opinar com o óbvio.
8. Foram 5 os fatores. Descuido com
"nordeste", que entra por Minas: o Norte de Minas. A escolha de um vice para
Anastasia que, com a saída dele para o senado, não garantiria uma liderança
política sólida para lhe dar base na campanha. Um atraso na entrada em Minas,
supondo que os votos viriam por inércia, como com JK em 1955. A preparação de um
candidato de perfil vencedor para ser candidato a governador. E, finalmente, a
coragem para fazer refluir o candidato a governador quando a bola do que
chamaram de mensalão mineiro foi levantada.
9. Aécio fez uma campanha brilhante.
Tudo certo. E errou onde qualquer um erraria; para quem foi um governador
excepcional, um senador eleito e elegendo o governador, por larga margem:
imaginar que os votos viriam viria por inércia. Talvez tenha faltado lembrar que
nas campanhas de 2002, 2006 e 2010, os candidatos do PSDB perderam em Minas, o
que sinalizaria uma preocupação, como a que teve em todas as demais regiões.
10. Em tempo: pífio o resultado da
família Campos em Pernambuco apoiando Aécio e ficando na média do Nordeste.