1. Domingo
(25) ocorrerão três importantes eleições latino-americanas. Eleição para
presidente da Argentina, primeiro turno. Eleição para presidente da Guatemala,
segundo turno. Eleição para prefeito de Bogotá.
2. A
eleição para presidente da Argentina tem como única dúvida se haverá ou não
segundo turno. Pela legislação eleitoral, para não haver segundo turno, o
vencedor no primeiro deve alcançar 40% dos votos e ter uma vantagem de pelo
menos 10% sobre o segundo. A eleição argentina ocorre num ciclo de recuperação
da popularidade da presidente Cristina Kirchner, apesar da enorme crise
econômica, que além da recessão e de alta inflação ainda tem suas reservas em
divisas no "volume morto", com o câmbio paralelo quase o dobro do oficial.
3. Scioli,
candidato apoiado pela presidenta, ex-vice-presidente de Nestor Kirchner e
governador do Estado de Buenos Aires (que representa para a Argentina mais do
que representa S. Paulo para o Brasil), lidera oscilando entre 37% e 38%, à
apenas uns 2 a 3 pontos da fronteira para vencer no primeiro turno. Macri,
ex-prefeito da cidade de Buenos Aires (DF), com perfil de centro-direita, vem em
segundo com quase 30%. Em seguida vem Massa, com uns 22%, ex-prefeito do
município metropolitano de Tigre e hoje deputado nacional com a maior votação do
país dois anos atrás. As pesquisas de vários institutos têm mantido esses
patamares. Como o número de indecisos é ainda alto e a convicção do voto é maior
em Scioli, analistas entendem que a vitória de Scioli no primeiro turno é
possível.
4. Cesar
Maia representará o Democratas como observador eleitoral a partir desta semana,
na Argentina.
5. Bogotá
tem eleição num turno só. O Congresso colombiano está prestes a votar a eleição
em 2 turnos para municípios com grande população. Esse debate cresceu em função
do último prefeito, Petro, ex-guerrilheiro do M-19, que chegou a ser destituído
(mas recuperou o mandato) e enfrentou fortes questionamentos por sua gestão,
enfrentando alta rejeição. Petro se elegeu com uns 30% e isso reforçou a
tramitação da emenda constitucional introduzindo a eleição em 2 turnos.
6. Bogotá,
que há poucos anos atrás era uma cidade referência de casos de sucesso, usada
como vitrine do BID e do BIRD por administrações exemplares, vive hoje uma crise
profunda nos principais serviços urbanos. As pesquisas apontam a vantagem do
ex-prefeito Peñalosa, centro/centro-direita, com pouco mais de 30%. É seguido
por Pardo, candidato igualmente de centro/centro-direita, com 25% das intenções
de voto. Depois vem Clara López, socialdemocrata, com 20%. E, finalmente,
Santos, candidato uribista, com quase 10%. Uma série de pesquisas mostra que
esses patamares vêm se estabilizando nas últimas 4 semanas. De qualquer forma,
pelas diferenças e por Bogotá ter surpreendido algumas vezes na reta final, há
que se afirmar o favoritismo de Peñalosa, mas com prudência.
7.
Finalmente, as eleições na Guatemala, que sofreram uma radical mudança em plena
campanha eleitoral no primeiro turno. Baldizon, franco favorito, candidato
apoiado pelo presidente general (r) Perez Molina, viu seu favoritismo despencar
quando das prisões da vice-presidente e do presidente. Neste vácuo, cresceu uma
candidatura antipolítica de Morales, comediante, com programa de forte audiência
na TV. Nas últimas horas do primeiro turno, Sandra Torres, mulher do
ex-presidente Alvaro Colom, que tinha uma força desproporcional em seu governo
(e que não pode se candidatar à sucessão do marido, por decisão da justiça, pois
caracterizaria reeleição), ultrapassou Baldizon e foi para o segundo turno.
8. As
pesquisas dão uma vitória acachapante a Morales, dobrando a votação de Torres.
Confirmada a vitória de Morales, que não aceitou apoio de nenhum partido nem
político no segundo turno, teremos uma experiência de alto risco num país da
importância da Guatemala na América Central, sede de órgãos internacionais (e
corredor de passagem da exportação de cocaína colombiana e presença dos coiotes
- tráfico irregular de migrantes para os EUA). Com a vitória assegurada, segundo
as pesquisas, esse será um laboratório que deve ser acompanhado desde o primeiro
dia, pelo impacto da Guatemala na geopolítica latino-americana.