SÃO PAULO - As projeções não são as melhores para o Brasil este ano. A economia deve continuar patinando em um fraco crescimento, a meta fiscal ficará para trás e a inflação deve ir para o teto da meta, apontou Ilan Goldfajn, economista-chefe do Itaú Unibanco, durante a 20ª edição do Macroeconomia em Pauta, realizada nesta quinta-feira.
Isso significa que algumas mudanças devem ser vistas no ano que vem para que o crescimento da economia melhore. Para Goldfrajn, o mercado deve trabalhar com três cenários possíveis para o País no ano que vem.
São eles:
1°) cenário base de poucos ajustes: alguns ajustes necessários são feitos para manter o grau de investimento, crescimento segue baixo, juros ficam altos e câmbio se estabiliza em patamar mais alto e inflação não converge para a meta, ficando em 6%;
2°) cenário de mais ajustes: maiores ajustes, risco cai, investimento aumenta e crescimento melhora, juros convergem mais rapidamente, câmbio se aprecia e inflação cai;
3°) cenário sem ajustes: não ocorrem ajustes e fiscal deteriora, investimento decresce e crescimento piora, juro real aumenta, câmbio se deprecia e inflação ultrapassa a meta.
Segundo Goldfajn, o Itaú Unibanco acredita que é mais possível o primeiro cenário, de poucos ajustes no próximo ano.
PIB, inflação e
política fiscal
A expectativa do Itaú Unibanco para o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro é
de 1,4% para 2014 e 2% para 2015%. A projeção é bem abaixo do esperado pelo
ministro da Fazenda, Guido Mantega, de crescimento de 2,3% da economia.
Segundo ele, a "lua de mel" do fluxo estrangeiro nos emergentes acabou se estendendo um pouco, mas não deve durar muito. No segundo trimestre, já devemos ver uma reversão. Ele explica que isso foi adiado pela postura do Federal Reserve em adiar a alta de juros, devido ao inverno americano mais rigoroso e o PIB (Produto Interno Bruto) próximo a zero no primeiro trimestre. Entre os meses de janeiro a março, a economia dos EUA expandiu apenas 0,1% - pior resultado desde o primeiro trimestre de 2011, quando "encolheu" 1,3%.
Além do crescimento baixo, Goldfajn alerta para a dificuldade do Brasil em alcançar sua meta fiscal de 1,9% do PIB para 2014 (Itaú projeta 1,3% do PIB para este ano). Entretanto, ele não acredita em um cenário de corte de rating este ano, enquanto para o próximo só viria se o Brasil não fizesse nenhum ajuste.
Para este ano, o Itaú Unibanco estima que a inflação deve ficar em 6,5% - no teto da meta e a 2 pontos percentuais do centro da meta (4,5%) -, enquanto a Selic permanecerá em 11%. Para o câmbio, a projeção é que continua na casa dos R$ 2,20 nos próximos meses, mas dê um solavanco no final do ano atingindo R$ 2,45. Isso só seria revisto caso o Fed não eleve os juros dos Estados Unidos não sair até o final do ano, disse Goldfajn.
Já para 2015, a expectativa é que o IPCA continue em 6,5%, mas a Selic deve subir para 12,5%. Enquanto isso, o câmbio deve acelerar até R$ 2,55.
Mercado de trabalho
Outro ponto destacado por Goldfajn foram os dados do empresa. Apesar da taxa de desemprego estar no menor patamar histórico, a criação de emprego vem acendendo uma luz amarela. "O mercado de trabalho segue desacelerando, com criação de emprego formal negativa no mês passado", comentou.
Com ajuste sazonal, a criação de emprego em abril apresentou uma queda de 33 mil na geração líquida de empregos - primeira queda desde março de 2009. Vale lembrar que os dados oficiais do Caged (Cadastro-Geral de Empregados e Desempregados) divulgados na véspera e que não fazem ajuste foram criados 105.384 empregos formais no país.