O triunfo da mediocridade
O acirramento das relações pessoais e a discórdia social que estamos vivenciando e colhendo são frutos semeados e plantados sob a retórica do messianismo, da demagogia e da manipulação estatística.
Era previsível. Afinal, a história é farta em ensinamentos. Nestas circunstâncias, rotineiramente demonstra como tudo começa, como se desenvolve e como terminará.
Faz alguns meses, eu dizia: “Mais algum tempo e mais alguns fatos da mesma natureza, e estaremos todos nos perguntando quando tudo isso começou realmente?”
E, no mesmo parágrafo, concluía: “...tudo indica que vivenciaremos um deprimente, populista e despolitizante processo eleitoral.” E aqui estamos, a quatro dias da eleição presidencial, compelidos a tomar uma dramática decisão.
O processo eleitoral tem demonstrado e confirmado denúncias, intrigas e difamações pessoais produzidas em escala industrial, cínica e eufemisticamente chamadas de “desconstrução do adversário”.
Não à toa, o empobrecimento dos debates, das idéias e o desgaste das relações institucionais têm-se revelado expressivo e lastimável.
Apegados a uma visão política e ideológica no sentido de que o Brasil necessita de um “estado forte” para poder fazer “justiça social”, nenhum candidato abordou honestamente a questão da redução da dívida pública e dos tributos, da taxa de juros e da inflação, e sobre o porquê de tanta corrupção.
São constantes os monólogos e as promessas sem identificação da origem do dinheiro necessário e sem apontamento de custos. Resulta que o estado brasileiro virou um gigantesco empregador e pagador de benefícios empresariais, previdenciários e bolsas assistenciais.
Infelizmente, não tratamos de valorar e hierarquizar um princípio que o grego Aristóteles (384-322 a.C.) já defendia. Que consta no ideário de importantes e desenvolvidos países. O princípio da subsidiariedade.
Aristóteles afirmava que “quando o poder político arroga-se no direito de gerir tudo, suprimindo a atuação dos cidadãos, age como déspota, administrando em lugar de governar”.
Consequente e deseducadamente, sob o patrocínio e estímulo estatal, renunciamos a independência social, política e econômica, adotamos um comportamento dúbio e realizamos a opção em sermos mendigos políticos e cidadãos de segunda classe.
A cooptação social – pelo Estado - tem como subproduto a paulatina despolitização. É o triunfo do coitadismo e da mediocridade. Para alegria dos curadores e tutores!